quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

CARLOS MACÊDO

Numa terra marcada pelo barulho ritmado dos bilros tecendo texturas de desenhos inimagináveis não deveria ser surpresa ver obras de arte cujo tema é a trama. Todavia o trabalho atual de Carlos Macedo surpreende e encanta o observador.
Macedo, vivido em outras experiências, navegante que foi dos ricos e delicados mares do ouro e da prata, sabedor da importância de puxar fios, fazer trancelim, construir filigranas, depois de percorrer outros caminhos nas artes visuais, agora, tece desenhos com precisão de ourives.
São construções espaciais reduzidas ao plano. São composições de linhas, malhas de fios em ritmos que emocionam. São texturas de elaboração rigorosa que revelam volumes e formas que provocam sentimentos estéticos impossíveis de traduzir em palavras.

Roberto Galvão



O DESENHO DE CARLOS MACÊDO

O desenho é a caligrafia fundamental a qualquer artista plástico que queira ser reconhecido, e não importa o período, em todo o percurso da história das artes visuais o desenho é a base mais sólida, o alicerce sob o qual o criador eleva seu pensamento. Mesmo a arte abstrata não consegue se desprender do desenho, da estrutura básica de todas as formas, na catedral matemática e de símbolos que é o universo como o percebemos.

Carlos Macedo na mostra que se apresenta é a sua própria caligrafia, que desde os tempos, quando criança, traçava de maneira incisiva e absolutamente controlada as peças de joalheria, ate o presente momento em que transforma as linhas em algo que alem da precisão e da imaginação da forma, tenta nos fazer refletir sobre a superficialidade, a fragilidade e ao mesmo tempo a grandeza das coisas efêmeras.
Apenas três formas tendo como suporte o branco das paredes, e como material de trabalho o simples bastão de carvão, nada mais.

Carlos Macedo faz sim esboços primários em seu caderno de anotações, apenas para ter em mente a estrutura de composição dos espaços a serem usados, mas no momento da criação, ou seria melhor da execução, o que se vê é uma ação de impressionante coragem e extrema precisão, pois é um trabalho, no qual as correções não são possíveis.
Mais uma vez o desenho se apresenta como base para uma obra, que reflete sobre aspectos existenciais e mesmo filosóficos sem o uso da palavra.

Desta vez o desenho não traz na forma o seu principal foco, mas vai um pouco mais alem, pois no próprio ato do “fazer o desenho” o artista usa sua ação como suporte para o discurso. Na leitura das entrelinhas de seu traçado dentro do tempo e do espaço é que reside seu real conteúdo.

Siegbert Franklin

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